sábado, janeiro 26, 2008

"Devia ser como no cinema / A língua inglesa fica sempre bem / E nunca atraiçoa ninguém"

...pergunto-me como seria, se fosse hoje...
...pergunto-me se algum dia me voltarei a sentir bem naquele abraço...
...pergunto-me onde estará o erro, esse tão grande erro...
...pergunto-me, sobretudo, quanto custará um braço torcido em cima de uma confiança reconquistada...
Não quero ir passear o Panic!. Está frio lá fora.
Cá dentro...só apodereço.

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Pensamentos.

Às vezes caio neste vício de pensar.
E quando estou a caminhar numa rua, sozinha, tenho tendência a pensar sobre como pensarão as pessoas que, como eu, caminham sozinhas. E se elas estiverem a pensar sobre como eu penso quando caminho sozinha? Estarei realmente a caminhar sozinha, ou será que não?
Não seria mais fácil, chegar-me ao pé das pessoas que são afinal outras e perguntar directamente, sem rodeios:
- Em que é que estás a pensar?
E no fim deixo-me a caminhar sozinha, encolhida na pequenez do meu eu.
webdreamer

segunda-feira, janeiro 21, 2008

Pretérito Imperfeito

Quando as luzes se apagavam E a festa acabava E tudo tomava um gole de silêncio E a noite adormecia ela própria Tu costumavas ficar Levavas-me aos jardins da cumplicidade Onde habitava aquele nós Cabia por inteiro no teu peito Cabíamos no mesmo sonho Na mesma rotina sempre nova Sempre melhor Costumavas ficar e Despedir-te naquele teu olhar esfíngico Que sempre escondeu, Qual cortina impenetrável, Todos os teus pensamentos Todos os teus desejos Os teus mais profundos segredos Sem nunca conseguires dizer "Adeus!" Costumavas ficar e Prometias voltar e Fazias-me sonhar e Eras o mundo Eras o mundo a que eu queria voltar Por mais voltas que desse no infinito Por mais viagens que tivesse de fazer Eras a sobremesa Que completava cada dia E o fazia saber melhor.

terça-feira, janeiro 15, 2008

Tu gostas de mim?

"(...)Talvez fosse já efeito daquela natureza angélica que se apoderava de mim. Estou em crer que fui "enfeitiçado" desde o início. Sentei-me dizendo um "chega-te para lá, múda!" Ela afastou-se sem dizer nada.
-Queres um cachorro? - perguntei-lhe.
Ela abanou a cabeça e respondeu:
-Esse é teu.
-Tenho muitos! Além disso, já estou cheio - respondi.
Como ela não fizesse qualquer gesto, pus o saco nas grades, entre os dois. A luz da montra era fraca e a miúda estava sentada na sombra, de modo que não podia ver-lhe as feições. Percebi, no entanto, que estava muito suja. Reparei que segurava uma boneca de trapos debaixo do braço e que, no colo, tinha um velho estojo de pintura partido.
Ficámos ali sentados durante meia hora ou mais, em completo silêncio; durante esse tempo apercebi-me que ela fizera um movimento com a mão na direcção do saco dos cachorros mas não quis olhar nem dizer nada para ela não desistir. Ainda hoje me lembro do intenso prazer que senti quando ouvi o som da côdea do cachorro a estalar-lhe entre os dentes. Um ou dois minutos depois tirou o segundo e depois o terceiro. Meti a mão no bolso e tirei um maço de Woodbines.
-Importas-te que fume enquanto comes, miúda? - perguntei.
-O quê? - perguntou assustada.
-Posso dar uma passa enquanto comes?
Ela agitou-se, pôs-se de joelhos e olhou-me de frente.
-Por que é que me perguntas isso?
-É que a minha Mãe tem a mania da boa educação. Além disso ninguém deve deitar o fumo na cara de uma senhora que está a comer - respondi.
Olhou por momentos a metade da salsicha que segurava na mão e fixando-me, disse:
-Porquê? Tu gostas de mim?
Acenei afirmativamente com a cabeça.
-Então podes dar a tua passa - e sorriu, ao mesmo tempo que metia o resto da salsicha na boca.
Tirei um cigarro, acendi-o, e estendi-lhe o fósforo para ela apagar. Assoprou e fiquei todo salpicado de bocadinhos de salsicha. (...)"
Fynn, Senhor Deus, Esta É a Ana

sexta-feira, janeiro 11, 2008

Quero estar lá fora.

Sono.
Uma chuva
Uma noite
Um presente dado de improviso
Um choque, uma surpresa
Um sorriso... .
A rotina
O cansaço
O dever
A urgência de um só gesto
De um simples gesto
A carência de um gesto
De apenas um único gesto
De um momento
Que mude a vida
Que lhe dê cor
Que lhe dê chuva
Que lhe dê sabor
Que a faça valer a pena...
...nem que seja
No espaço de tempo
Em que vive uma gotinha.
4000. A ti.

terça-feira, janeiro 08, 2008

Da felicidade ao sofrimento é somente um passo

Às vezes, o corpo fica como que inerte, irresoluto, impotente, perante o soluçar do coração. A alma eleva-se, some-se para bem longe. Apenas o corpo soluça sobre si próprio.
O Inverno invadiu a Natureza como um conquistador. O Outono perdeu-se em papeis e fotografias e memórias antigas, e de repente, está frio. Tão frio que tudo começa a gelar. A alma, cansada, adormeceu. E a neve...a neve apanhou-a desprevenida. Mas se adormeceres sobre a neve...não sentes chegar a morte.

segunda-feira, janeiro 07, 2008

Eis-me

Eis-me Tendo-me despido de todos os meus mantos Tendo-me separado de adivinhos mágicos e deuses Para ficar sozinha ante os silêncios Ante o silêncio e o esplendor da tua face Mas tu és de todos os ausentes o ausente Nem o teu ombro me apoia nem a tua mão me toca O meu coração desce as escadas do tempo em que não moras E o teu encontro São planícies e planícies de silêncio Escura é a noite Escura e transparente Mas o teu rosto está para além do tempo opaco E eu não habito os jardins do teu silêncio Porque tu és de todos os ausentes o ausente
Sophia de Mello Breyner Andresen, Livro Sexto

Como raio vou saber se eu sou eu??...

Escrevo hoje coisas que amanhã poderei achar estúpidas e sem lógica. Tenho ideais, crio as minhas filosofias de vida, diferentes das que já tive e, eventualmente, diferentes das que terei no futuro. Não paro, estou sempre a evoluir. Não paro, nunca hei-de parar até ao dia em que morrer. E aí será tudo claro, não vou precisar de continuar. Assusta-me a ideia de que a vida, o tempo não param para descansar um pouco. Não sei o que o futuro guarda e não me posso preparar para o enfrentar, para o ver, para o viver. Mas talvez seja apenas o meu cansaço a falar. Porque de outras vezes encaro tudo o que me espera como um mistério curioso...e divirto-me a desenhar o meu futuro e ir vivendo-o um dia de cada vez. Mas não agora. Agora queria...saber já. Saber já as respostas que hoje me esmagam, me frustram por não as ter. Isto é apenas agora; no entanto...futuramente...não pensarei o mesmo certamente. Se nós mudamos constantemente...o que é que nos dá continuidade? O que é que faz com que eu seja sempre eu? Aprendi que mudamos sempre, posto tudo aquilo que vivenciamos...ganhamos novos pontos de vista sobre as coisas e criamos uma vista de pontos...passamos a ver esquilhões de pontos de vista....é isso que é crescer... ...Sendo assim nunca poderemos dar uma definição de nós próprios, daquilo que somos, porque nunca somos os mesmos... Mutantes. Talvez. Vou dormir.

quinta-feira, janeiro 03, 2008

Um gesto.

Um gesto. Um momento. Algo necessário. Algo urgente.
Três
palavras:
Gosto Muito de Ti!
É tão fácil...tão puro...tão bom...porque temos tanto medo uns dos outros??

quarta-feira, janeiro 02, 2008

Pós-Natal '07

Começo a postar em 2008 com o post nº 150! Antes de mais, feliz Ano Novo para todos! Gostava de deixar aqui um texto que escrevi, creio, a dia 26 de Dezembro... "Este Natal houve muita coisa que me entristeceu. Este Natal...teve o seu quê de extenuante. Este Natal...foi definitivamente diferente. ** "-Bom Natal e Feliz Ano Novo! -Diz-me, o mais concretamente possível, por favor, o que é para ti o Natal? -É tar ca família, e dar amor e carinho..." A Sociedade precisa de marcar uma data para acarinhar os que não conhecem carinhos, amar os que nunca viram o Amor...precisar de marcar uma data para jantar à mesma mesa com aqueles com quem embirra todo o ano. É assustador. E triste. Não consigo perceber cmo é que as pssoas se sentem felizes assim. Como é que fazem tão garnde festa por ser Natal, quando na prática apenas se arrastam numa rotina mais um ano. Como podem viver este "natal" tão "festivo" só por estarem juntos?? Ou por outra: porque não se lembram disso o resto do ano? Talvez não fizessem uma festa tão grande na época em que todos são escravos do dinheiro se vivessem o verdadeiro Natal dentro de si próprios. Talvez a festa vivesse neles, e se apercebessem de que não precisam de mais nada. Só Cristo basta. O sentido do Natal - Comunidade esbarrou comigo, a meio de Dezembro, graças ao meu amigo Válter Ferreira. Então vim à procura do Natal - Família. E percebi que ele não nasce aqui. Nem à mesa. Nem sequer na mensagem de Natal de D. José Policarpo a meio da Consoada. Nasce...em cada um dos outros. Viaja na relação que cada um tem com o próximo. E isto é extremamente importante no seio familiar. Como Newton diria, é um par acção-reacção. Eu provoco, tu acedes, nasce o Natal em nós para dar a outros, provocar neles algo mágico. É isso que enche a casa e acende as velas e nos faz cantar. E é tão bonito! Só tendo este Natal por base poderemos partir para as ruas e cheirar o Natal no seu todo, na noite luminosa e prédios enfeitados e gigantescas árvores de Natal... E só vai ser possível...quando tivermos em nós acesa a memória de que Jesus Cristo, o Salvador, Rei do Universo nasceu pobre no lugar onde vivem os animais. Fica a lista dos melhores presentes deste ano:
  • A confiança do Miguel;
  • A notícia do Daniel;
  • A lágrima da Margarida;
  • O choro da Ana;
  • O abraço do Válter;
  • A conversa com o Pedro;
  • A amizade da Marta;
  • As palavras da outra Ana;
  • A presença da Alice.