terça-feira, dezembro 30, 2008

Dois mil e troca o passo

Mais um ano que fica para trás.
E com ele fica tanta coisa... Sinto que, com o passar do tempo, me vou rodeando de amigos. É sempre curioso lembrar-me de algumas pessoas que já me foram o mundo...e que hoje pouco mais me são do que essa recordação, essa vivência passada. E esta separação acontece por várias razões...mas cada vez mais tenho a certeza de que, se de facto quisermos, os nossos amigos de hoje serão os nossos amigos de sempre. E lembro uma frase de Nietzsche, Hold a true friend with both of your hands. Creio esses true friends que são a melhor coisa. São a expressão do amor humanificado. Sim, mais que a família. Porque não gosto da minha família. Ou melhor, não é por serem família que gosto deles. Gosto dos amigos que encontro nas pessoas que pertencem à minha família. Gosto do amor que me dão. Não do facto de terem comigo qualquer relação de sangue. Não é possível gostar-se de alguém só porque é família, tal como não é possível gostar-se de alguém só porque é colega, ou vizinho, ou passa muitas vezes por nós na rua.
E então deparo-me, quase subitamente, com os meus desejos para o ano que tão devagar se tem vindo a aproximar. Quero passar pela vida sempre assim: não me arrependendo de não ter feito mais. Quero nunca mais ter medo. Quero tropeçar sempre em gente que me lembre que a vida sabe a coisas fantásticas como pão com manteiga e chocolate!
O que está, está bem, e como dizia o meu anjo da guarda...Siga pra Bingo, menina! :)

sexta-feira, dezembro 26, 2008

Tempo de Natal

Tempo estranho. Muito estranho. Estranho porque toda a gente fala a mesma língua, mas ninguém se entende. Ou entendem-se, assim: $&=@!0{¨#. A parte mais engraçada é que o Natal não é nada disso.
Bem, o Natal é um amontoado de presentes, de azevinho, de velas, de velhotes barrigudos, de anúncios irritantes, de jantares, de postais, de sorrisos, de abraços, de visitas, de promoções, de renas, de missas. Mas há quem diga Não, não, na realidade o Natal é a festa da família, da solidariedade e dos presentes, das árvores decoradas, dos pensamentos bonitos. Alto lá, dizem outros, acima de tudo, o Natal é o mundo do Pai Natal, um velho gordo e bondoso, com barbas, sempre com um saco às costas e um fetiche por chaminés. Na realidade, no meio desta enorme confusão, alguns são capazes de conhecer o sentido original do Natal, creio eu. Aquela imagem, o sentido etimológico, a origem histórica... Só que a realidade é tão diferente! A verdadeira realidade do Natal é um assombro. O mais incompreensível não é que o Senhor que fez o Universo tenha nascido como um bebé, tão frágil e vulnerável quanto cada um de nós, morrido na cruz e ressuscitado. O mais espantoso é que Ele o fez por mim, pela minha vida. Esta é a realidade incontornável. O nascimento de Cristo é a realidade que muda toda a minha existência, em todos os meus dias.
Afinal o que é o Natal, pergunto-me. Sinceramente: Não sei! Um mistério que me escapa. Naquilo que é evidente, algo muito simples: um bebé que nasce num local pobre. Mas como pode este simples facto ecoar assim há 2000 anos? Não sei, man! Mas acredito!
Outra coisa de que muitos se queixam: é uma estucha. Epah, cansa imenso! As visitas, os presentes, as comidas, as sobremesas e - ai! - a família! E gastamos tanto dinheiro! É uma trapalhada, uma con-fu-são! Nem se consegue viver em paz. Porquê? Porque é Natal. É assim desde o início, minha gente. Quão cansada não estaria Maria, carregando com uma barriga de oito meses, fazendo centenas de quilómetros até Belém? A despesa da viagem, do nascimento, da ida para o Egipto? A confusão do recenseamento, a trapalhada do estábulo?
Canseira, despesa e trapalhada estão no centro do mistério que nos leva - ainda hoje - a celebrar o Natal. Porque o Deus sublime quis vir nascer como um bebé. Porque o Senhor do Universo pegou em toda a sua glória e a escondeu naquele estábulo. O Natal só existe porque o Verbo de Deus quis levar com uma enorme canseira, despesa e trapalhada pela nossa salvação.
Por isso hoje, quando corremos, gastamos e sofremos por causa do Natal, ao menos lembremo-nos do que Ele e Sua Mãe correram, gastaram, sofreram. Por nós. Participar no Natal é amar o próximo, mudar de vida, entrar no amor. O Natal não é canseira, é amor. O amor cansa. Mas se não amarmos, se não conseguirmos amar ou mesmo que não o queiramos fazer, ao menos participemos do Natal repetindo a canseira, a despesa e a trapalhada que foi desde o início. A canseira por causa dos outros é o primeiro passo para chegar ao Natal.
Com uma mãozinha do João César da Neves.

segunda-feira, dezembro 22, 2008

Leva-me contigo.

Talvez eu me encontre no sítio onde me levares.
Talvez eu descubra que a paz é um conceito real.
Talvez eu perceba que há um sítio onde eu posso dormir.
Talvez eu mude.
Leva-me, então, para onde quiseres.
Já não sei nada.
Sempre quis ser ciente, sempre quis crescer, sempre quis sentir, sempre quis saber, saber, saber! Hoje...não sou nada.
Leva-me no teu bolso. Gostava tanto de caber no teu bolso!
Ainda bem que existes.

sexta-feira, dezembro 19, 2008

Tu não estás a perceber.

É quando te separas das pessoas que elas te fazem mais falta. Isto é óbvio, mas preciso de pensar. E não falo de saudades, não. Isso também pode ser verdade, mas às vezes não é.
Falo de uma falta que passa realmente a existir, e que não é subjectiva. Porque uma pessoa pode estar a ser um ponto negativo na vida de uma outra pessoa, mas ninguém é mau. Portanto, tudo o que de bom essa pessoa-ponto-negativo-para-outrem pudesse oferecer vai deixar de existir. Então faz, provoca uma falta. Porque falta lá tudo (mesmo que seja pouco) o que ela podia dar, ou ter dado, ou vir ainda a dar de positivo.
Nós nunca deixamos de precisar de colo. Ou de um abraço. Ou de uma bolha-actimel contra a poluição socio-afectiva da sociedade em que vivemos.
Assim, qualquer pessoa que nos desse algo parecido com um pássaro branco que esvoaça livremente dentro de nós, se deixa se estar junto de nós...faz-nos falta. Mesmo que sejamos grandes, crescidos, tão-para-nós convencidos de sermos senhores do nosso nariz. Não só nos faz falta como provoca um vazio imenso, uma lacuna, um poço escuro e digno de muitos pesadelos.
Não digo que as pessoas de quem nós nos separamos tenham de ser pontos negativos. Aliás, para uma pessoa ser um ponto negativo é preciso ser-se muuita mau...e felizmente, isso não acontece muito. Às vezes, separamo-nos porque temos de nos separar. Tem de ser assim! Não somos nós quem faz a maior parte das regras. E é nestes casos - em que nos separamos de pessoas que nos fazem sentir bem - em que elas nos vão fazer mais falta.
Não somos livres. Nunca fomos.
Estou presa a quantos me cativaram a mim, menos àquele que me cativou por inteiro e em todo o tempo, de maneira que não posso sentir que estou presa a Ele.
Todos temos as nossas asas, feitas de materiais que nos nossos pequenos mundos resistem a (quase) tudo. Não significa que não precisemos das dos outros hoje e para sempre, até porque nunca usámos as nossas só para nós...

quinta-feira, dezembro 18, 2008

domingo, dezembro 07, 2008

Chova.

São noites como esta que me apetece viver para sempre.
Todo o dia descobri pessoas, descobri lugares, tácticas, músicas, sabores, verdades.
E chego ao fim, podre, e vejo que onde eu cresci mais foi em mim...mas não em mim!
Cresci naquele eu em que "fui tu". Porque me pus lá. Aprendi a morar no eu que vive, meu, dentro das minhas pessoas.
E apetece-me chover aqui nomes de pessoas. Mas ia faltar sempre alguém. Para além do mais, não vale a pena, quem está sabe que está. É essa a melhor parte de ter amigos. Alguém dizia Nunca te expliques. Os teus amigos não precisam e os teus inimigos não acreditariam. Amigos.
Há uma chama que nos aquece por dentro, que nos impele a agir sem darmos sequer por isso. Como um chouriço que assamos às escondidas - tanto quanto um chouriço se pode assar às escondidas - e partimos em bocados que cheguem para todo o mundo repetir. E todo o mundo repete, sempre. Amigos!
São noites como esta que me apetece ter para sempre.

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Catapulta.

Frágil, a minha boneca.
É tão frágil como um fio de cabelo de cristal.
Ela é forte, sim. Mas a sua força é o ponto fraco que faz da alma dela a mais frágil do jardim das bonecas.
Sabes que mais? Construí um castelo à volta dela. Da minha boneca. Podia protegê-la todo o dia, com todos os meus muros, num abraço de segurança, de pertença.
E depois nasceu a catapulta. Estúpida, a catapulta, hein? E os meus muros, até o mais alto e magestoso muro restou por terra. Hoje, a minha boneca não está protegida...
...nem está lá.