quarta-feira, setembro 30, 2009

O início.

Não é difícil despedires-te. É chegares ali, àquela barreira, seja onde for que a criares, e dizeres Adeus. É o bastante.
Aí colocas tudo o que sentes. Não por te estares a despedir, mas por ser assim que a vida se vive. Não será necessário mudares o modo de viver por uns minutos - aqueles, a despedida - ninguém quer que sejas outro quando te despedes.
Porque a despedida é unicamente uma coisa que dizes. Di-lo, sem medo de dizer. As palavras não te vão comer. Não evitará a partida o facto de adiares as palavras. Diz tudo, diz cedo, e depois cala-te. É relativamente fácil. E bastará, ainda que não pareça.
Alguém dizia que quando nos aproximamos do final, voltamos sempre ao início. O início. Todos os inícios são uma história, e quase todos são mais que uma história. Contamo-la ao nosso ninguém como a uma criança - uma história mais ou menos apetitosa: consoante o tamanho do sorriso que trouxer.
Bem vistas as coisas, porque não nos calamos?

segunda-feira, setembro 28, 2009

FAME 2009

Uma reedição do original, que data de 1980. Um FAME na Nova Iorque de hoje.
Estreia a 1 de Outubro no cinema português e eu tenho de ver.

terça-feira, setembro 22, 2009

Minuto

E depois olha-se e já passou. Já passou a Primavera e o Verão e muitos Outonos... Quando foi que ficámos com os Invernos, amigo?... Lembras-te?
Era uma tarde de semana, um dia qualquer. Estávamos a caminho do Mc'Donald's. E veio o gelo invadir o nosso Outono jovem, quente e castanho e cheio de poças, para tudo tornar branco, tudo gelar, tudo adormecer, tudo anestesiar...
Tu não estavas, como poderias lembrar-te...?
Foi sobretudo por não estares que tivemos a certeza que o Inverno tinha chegado. Para ficar.
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O tempo passa, pega em tudo o que quer e leva. Ele que leve.
O nosso segredo ainda é nosso: a força maior que o mundo tem.

quarta-feira, setembro 16, 2009

segunda-feira, setembro 07, 2009

O Outono II

Deste-me um beijo. Virei costas, ajeitei o gorro e abandonei o espaço em que ficavas, aceso e distante: recônditos e aconchegantes refúgios de mim.
E estava a chover. Aquele som invadiu-me, como se de há anos atrás se tratasse. Aquela imagem, mágica, do chão pintado de pedaços de céu, impregnou-me daquele cheiro.
E lembrei-me, de súbito. Da nossa chuva. Até o meu nome, que há muito deixara de me fazer cócegas na nuca. Aquilo que era o princípio e o fim de nós, o início e o final de tudo quanto, juntos, tocávamos com as pontas dos dedos.
Tanto porque chegaste inesperado como um aguaceiros, logo no primeiro instante, como sempre foste - aquela presença que me encharcava em alegria, que me enchia de liberdade para transbordarmos em confiança...eras a criança que havia dentro em mim, e que me fazia querer chapinhar em poças e rir à gargalhada...
Tanto porque a minha chuva eras tu. O meu suspiro, o meu alívio, o meu conforto, o meu amor, o meu abraço, a minha frescura, os meus esguichos, o meu arrepio a cada momento que vislumbrava esses olhos doces ou sentia a tua voz bater em cada pedacinho de dentro de mim...
Hoje vais e voltas e tudo quanto é teu não dura mais que um instante. Hoje apareces e desapareces com a rapidez e instensidade com que aquelas gotas chatas nos acertam exactamente entre a nuca e a roupa que nos cobre as costas.
Não deixa de ser curioso. Amo-te como - parece - desde sempre. Nada mudou de lugar, mas acho que ele não conseguiu ficar no mesmo sítio. Não podia, né?
Vai. Farei de cada tempestade o meu mais profundo aplauso. Lembra-te de mim.
Vai. Não preciso de ti para te amar, porque te amo - mesmo - assim. Vai. Sonha, corre, luta. Vencerás.
Vai. Nada me faria mais feliz que saber-te feliz.