segunda-feira, março 21, 2011

Hoje, epiteto-te de outra coisa.

Uma cicatriz na testa atesta aquilo que já foi um síndrome da sela turca (harmonioso epíteto para se dar a um tumor na hipófise...).

Deus, na minha casa.

A possibilidade de cheirar pela primeira vez? De saborear pela primeira vez? De pela primeira vez correr, cozinhar, limpar, rebolar na relva? Ir apanhar amoras depois da chuva? O dom de ser e de aceitar e de participar da empresa maior e mais feliz de todas. A faculdade de respirar cada tempo, a faculdade de recomeçar.

Não imaginas como é bom estar aqui., sorriu ela. Como Pedro disse ao Cristo.

Hoje, epiteto-te de outra coisa. Uma outra coisa, maior que nós, que tudo o que conhecemos. Um ponto, um átomo, o mais pequenino de todos. Aquele que é mais verdade que o sol. Que vinha antes do princípio, e que eu guardo no bolso. A sombra da sombra da sombra mais branca e mais redonda de todas. O Mosteiro Invisível que cabe inteiro num adenoma da sela turca.

Deus, na minha casa.

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