segunda-feira, janeiro 12, 2009

Determinismo, um pormenor.

Podemos optar pelo que nos parece bom, quer dizer, conveniente para nós, frente ao que nos parece mau e inconveniente. E, como podemos inventar e escolher, podemos enganar-nos, que é uma coisa que não costuma acontecer a castores, abelhas e térmitas.
Savater, Ética para um jovem
Porque não estamos escritos. Não está lá, no nosso ADN, que temos de escolher este curso, nem que temos de dizer bom dia aos vizinhos no elevador, enquanto está no ADN dos cães atacar quando alguém se aproxima enquanto estão a comer, e no das térmitas-soldado ir combater e morrer pela colónia a que pertencem. No mínimo, não podemos negar a noção de responsabilidade ao fazermos uma escolha. Tudo o que fazemos pode estar determinado por tudo o que somos e toda a vida que temos para trás, mas eu teria sempre tido motivos, se quisesse, para escolher a outra via. Porque eu penso o que eu quero. Se eu quiser, escolho isto. Se não, não.
E é claro que falamos de duas hipóteses que me são completamente acessíveis, ou o meu discurso não faria sentido.
É isto que dói.
O peso da responsabilidade, da culpa. O saber que há escolha, que para além do mais é nossa.
Era tão mais fácil ser determinista...

2 comentários:

Anónimo disse...

Sinto-te em dúvida em relação a algo...
'Podemos optar pelo que nos parece bom, quer dizer, conveniente para nós, frente ao que nos parece mau e inconveniente.' Será que estarás tu em dúvida então, face a algo que pode ser bom mas pouco conveniente, com algo muito bom e completamente inconveniente?
Era sim bem mais fácil ser certa e não recear optar por caminhos que ao pisarmos serão fortes, estáveis, decididos e certos!
No entanto muitas vezes sinto-me preenchida quando me vejo cair, isso significa que aprendi algo. Com palavras mais ou menos próprias, com gestos mais ou menos cuidados, mais ou menos imprópria… Cresço, sem precisar de ser determinista!
Cresço com vontade de não fazer outra má escolha, mesmo que não o possa cumprir.
Aguenta com as tuas palavras e sofre para não as deixares em vão. A culpa da responsabilidade, não tarda em diminuir.
*

Ritinh@ disse...

Tambem li esse livro de Fernando Savater :D

Gosto muito dessa materia..
Beijo grande