quinta-feira, maio 28, 2009

sóis ao longe

Sonho para descobrir a verdade.
Aprendi com o senhor Roda: à noite é que tudo começa verdadeiramente. Porque a realidade desaparece com a luz, e a verdade vem vestida de luar (e com queimaduras solares: a verdade não perdoa nem é perdoada...). A escuridão é que é iluminada! Ela é a luz de sóis ao longe...e deixa tudo ver num só espaço e a um só tempo!...
Com o sono, começo a pensar com o corpo, mas sem saber. Pensadas com o corpo, as coisas ficam mais claras, e isso dá-me poder. Ao meu consciente, ao meu inconsciente e ao meu subconsiente...mas sou sempre eu! Só aí me apercebo...tudo é um concurso de circunstâncias e oportunidades...como uma conjuntura pintada à mão...
E tornou-se necessário olhar as coisas só com olhos de peluche para não magoar o sono.
O que dá algum trabalho, mas faz-se bem.

domingo, maio 24, 2009

atchim.

Tenho medo.
E tu tens razão. Tens sempre razão.
Eu sou fraca. Teorizo, dou a volta, caio, levanto-me. Finjo que não aconteceu nada. E tu ganhaste sempre, mesmo quando eu não vi. Sou...pequena. Como é que ainda aí estás?...
A esperança cresce, débil, real, por entre a relva, no caminho, à vista, como um fungo impertinente. Cresce espontaneamente, quando e onde não deve, daquilo, do nada, do resto, do que não conta, do caos, do fundo, para vir assomar à minha derrota mais uns pontos negativos. E deslumbra-me. (Fraca!)

Às vezes preferia que já te tivesses ido embora, sempre me sentiria inocente. Assim sendo sinto-me só idiota. E deficiente. Mas como é que tu ainda aí estás?...

segunda-feira, maio 18, 2009

Viver é não conseguir.

Foi o pior. Hospital, dores, consaço, trabalhos, testes, dentista, sono, macacos no sótão, datas, prazos, desafinações, ai, estou, morta.
Foi horrível. E talvez por isso tenhamos chegado onde chegámos.
Ganhámos porque aquilo que ali fizemos era verdade.
Parabéns, bichinho, pela nossa vitória no V Festival Palotino.
Porque sem ti, nada disto teria feito sentido absolutamente nenhum. Porque és tu que estás, sempre, a dois lances e escadas de distância. E mesmo quando não há escadas, nem lances, também não há distância e estás sempre comigo. E mais não preciso de dizer, nunca precisei...
És eu. És o meu bichinho. E nós não somos nada de jeito.

sexta-feira, maio 15, 2009

Piri Fonseca Ferreira

A Piri morreu.
Morreu a 26 de Fevereiro de 2009, às 23 horas, 5 minutos e 20 segundos.
Morreu porque o pai e a mãe dela - que eram, como sempre tinham sido, os melhores pais do mundo - se destituíram mutuamente de pais. E sem pai nem mãe a Piri morreu.
Mas não foi bem por isso que ela morreu. E nenhum deles sabe disso. Eles não sabem que a culpa não é deles, e a Piri não sabe que eles não sabem que a culpa não é deles. A Piri sabe, sempre soube, que a culpa era dela. Se tivesse sido uma boa filha, seguido à risca a educação que a mãe e o pai lhe haviam dado, a mãe e o pai nunca se tinham sequer lembrado de andar à bulha. E hoje seriam aquela eterna família feliz.
A Piri morreu e a culpa foi dela.
Morreu a 26 de Fevereiro de 2009, às 23 horas, 5 minutos e 20 segundos, e ainda hoje isso lhe dói.

sábado, maio 09, 2009

Pensar incomoda como andar à chuva...

É a felicidade de uma criança na feira popular pela primeira vez. É uma festa, é um instinto, um arrepio! É uma alegria, um doce que não apetece engolir, um suspiro de satisfação. É um prazer, um deleite, um mimo para a alma. É do mais humano que pode haver, porque sensorial e quase quase quase! palpável. É viver!, é sentir, é respirar! É cuspir esquilhões de bocadinhos de salsicha no meio de uma gargalhada. É sentir tudo devagarinho e com as pontas dos dedos, mas só depois de muito rápido e de se ter melgulhado completamente. É chorar, porque é emocionar-se, mais ou menos racionalmente.
Sou eu. E, por isso, um bocadinho de ti. (Como é que tu não percebes??!)
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O António um dia escreveu
Tudo é ilusão.
Sonhar é sabê-lo.
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Fique-se com esta.

sábado, maio 02, 2009

RTX 78/24

É uma peça estranha. É o apelo de Rómulo de Carvalho aos planos de paz verdadeiros. Sendo que a verdade é o que enobrece por oposição ao erro que é a discordância entre o pensamento e o objecto do pensamento. É o sonho de Antonio Gedeão personificado no menino António e na menina Georgina à procura da sociedade regida pelo amor em que os homens falam todos a mesma língua.
Mais que uma crítica social, é a apresentação da solução e uma proposta de novo início.
O Grupo de Teatro dos Assassinos da Arte de Representar está na Malaposta na quarta-feira que vem e os bilhetes reservam-se pelo telefone e são grátis. E o palco é nosso.

O sol é teu.

Faltas aqui. Mas como é bom sentir a tua falta!
Só sinto a tua falta aqui porque estás no meio de mim e eu sei que estás. Se não estivesses, nunca poderia sentir a tua falta e ser feliz com isso.