Charlie Chaplin estava enganado.
O riso e as lágrimas não são antídotos contra o terror. Porque antídotos anulam venenos.
O riso e as lágrimas antes são subterfúgios. Antes são máscaras, são desculpas; saídas boas e convenientes. E fáceis.
O terror está lá e lá fica. Tal como o medo. Tal como o pavor e o nojo e a dor. Ferem, destroem, escarafuncham. Quanto mais forem disfarçados, mais diluídos, mais escavam, mais roem, de maneira mais atroz de cada vez.
Ri-te, porque rir faz bem! E depois chora, chora tudo aquilo por que te vai apetecer chorar. Não vai ser pouco! Chora. Chorar faz ainda melhor do que rir. E depois reage, como toda a gente que se encara e se afia e desafia para riscar e arriscar. É a altura em que tu cospes. De surpresa. De nojo. Passou o riso e o choro e tu percebeste que o terror ainda te sorria, à tua frente e a comer da tua mesa.
Tua?
Não. Haha. Nãão. Nada será sempre nosso.
Se isso te sossega, nem o terror.
Sem comentários:
Enviar um comentário