terça-feira, agosto 11, 2009

"Cum escamartilhão!..."

Eu descobri que estar chegando é estar partindo ao mesmo tempo.
Não há cá metafísica: é tudo software. A alta tecnologia dos pequenos sinais de vitalidade liga aqui e aqui e aqui, em sítios que não se vêem nem se pegam.
No sistema central, a Unidade da Dor vive consciente de que a dor não termina, dê por onde der, e a boa notícia está por aí: a dor não termina. Simplesmente não termina. É aqui que começa a minha liberdade. Tal como Thibault queria, na verdade.

5 comentários:

Boop disse...

Só uma alma simples espera encontrar a felicidade.
Tal como tu acho que ela não existe. E sabes sou mais feliz (livre!) desde que percebi isso.
Mas há momentos de felicidade! A dor não é uma constante interminavel!
Como há momentos de ansia, de desejo, de tristeza, de angústia, de insatisfação, de gozo, de desalento, de frustração, de gratidão, de arrependimento, de paixão, de ... - não ponhas tudo no saco da Dor.

Se calhar (mas o que sei eu disso?) a verdadeira liberdade está em não ficarmos presos a uma emoção, seja ela felecidade ou dor, para podermos, mesmo com as nossas dependências (em relação às pessoas que amamos), experienciar uma panoplia de renovadas sensações!

Beijo

Anónimo disse...

"Só uma alma simples espera encontrar a felicidade.
Tal como tu acho que ela não existe"

Mas de felicidade estão vocês a falar?

Acho a palavra um pouco dúbia...

Felicidade, sinónimo de mundo encantado?
Tudo como nós desejariamos?
Sem contra tempos ou contratiedades?
Sim, isso eu também acho que não existe.

Mas a isso eu não chamo felicidade... chamo "ideal imaginário" , o mundo que eu queria,não o mundo que existe.
E eu não posso ser feliz no imaginário.Seria uma mentira.

Mas há uma Paz, uma alegria, uma fortaleza que devemos cultivar e que ninguém na terra nos pode tirar. Nem a maior das desgraças, ou a dor, ou a agitação ou a revolta, ou o buliço do barulho.
Essa é a verdadeira felicidade. Essa é a felicidade do fundo do lago, a segurança da âncora que por mais que a superficie se agite, o vento sopre e redupie, mesmo que se bebam um pirolitos... na verdade sabemos que tudo ficará bem.
E isso é a verdadeira felicidade. Que existe; e é coexistente com os momentos de dor, de alegria, de gozo, de apreenção, de amor, de crescimento, etc. etc.

Além de que no lago também há momentos de bonança, e de sol radioso... pássaros em voos artísticos, chuvas miudinhas e coisas que tais... e, mesmo nesses, dias está lá a âncora!
Bjs
Graça

Anita disse...

Meninas Boop e Graça:

Eu sou feliz. Como tal, acredito piamente que a felicidade seja - existindo ou não.
Aqui, e ali e em mim e no outro e em todo o lado. A minha liberdade é exactamente essa. Escolher. Amar. Continuar. Reagir. Ir o suficiente abaixo para voltar para cima com vontade. Encher-me e esvaziar-me com as marés. Saltar sem razão ou abraçar as pessoas. Ou sentar-me comigo a achar que tenho a melhor companhia de sempre.

Não significa que a dor não exista. A dor faz-me ainda mais feliz, sabem? Não ela, por si só. Mas quem sou, no meio dela, com ela. Quem tenho, o que vou sentindo, o que me acrescenta, o que aprendo, as pessoas que ficam e que fazem parte.

E a dor não passa. Nunca, creio. E, de novo, ela também não me impede de ser feliz, aqui, agora, ou daqui a bocado. Pelo contrário: dá-me a liberdade de escolher. Ser feliz. Verdadeiramente (como Thibault queria...) feliz.

Dói-me. E há-de doer-me sempre. E nas entrelinhas...sou feliz. E a transbordar, aqui e ali... Sim, sim!

A vossa Anita.

mfc disse...

... mas pode ser suavizada!

sara. disse...

"Dói-me. E há-de doer-me sempre. E nas entrelinhas...sou feliz. E a transbordar, aqui e ali... Sim, sim!"

Isto faz-me lembrar as conversas q temos sobre a morte. É termos perfeita consciência de que as coisas acontecem e doem mas continuamos a ser felizes, acima de tudo =)

Como eu gosto de ti.