Não posso fingir que não tenho esta necessidade.
Há dias em que não dá para fingir que não és tu.
É o primeiro Outono. O meu cão, a minha cã, a Cusca não está cá.
Não está.
As gotas caem, os cabelos deixam de secar, a chuva chove, o Panic tem frio.
E o meu cão, a minha cã, a Cusca não está cá.
Os pés começam a enregelar, as pessoas puxam das camisolas (e como todos ficam tão mais bonitos, de camisola!), os ambientes tornam-se húmidos e ninguém abre as janelas para não chover cá dentro...
E o meu cão, a minha cã, a Cusca não está cá.
A minha cama já não está salpicada de pêlos brancos e pretos. Já não tenho aquele ser tão meu em cima dos meus pés, encostado às minhas pernas, abraçado na minha posição fetal.
As gotas caem, a chuva chove. Em breve chegam as trovoadas.
O meu cão, a minha cã, a Cusca...não existe.
Para nos ensinar que todos os Outonos são o primeiro.
2 comentários:
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(sou sensível de mais para ler isto ao mesmo tempo que ouço "Passou por mim e sorriu", este ano já me custou muito... e a ti também Anita, mas sabes que depois do Outono vem o Inverno que também tem coisas boas, e mais tarde a Primavera...)
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