terça-feira, outubro 16, 2012

Carapuços

Hoje quis explicar o que é amar. As minhas crianças queriam saber, e eu quis explicar. 
Será que elas amam? Será que sabem melhor que eu, mesmo sem saber? Ou não têm ainda essa faculdade?...
Eu falhei.
Um dia vão ser adolescentes, e depois jovens, como eu. E depois vão ser o que vem a seguir. E vão "sentir", e "saber". E perguntar, e ler, e ver, e ter, e fazer.
Hoje esquartejei o amor em caixinhas chamadas "respeito", "perdão", "amizade" e outras que tais. Ainda vivo, arranquei-lhe as patas para enfiar em tachinhos e pôr ao lume.
Eles ficaram satisfeitos com o prato, mas eu acho que é porque não estavam comigo na cozinha e não viram a chacina.

Hoje um crianço, meio enfiado, depois de eu ter perguntado se gostavam dos irmãos deles, respondeu baixo e quase indignado Eu não gosto, eu amo. E aquilo deu-nos pano para mangas e carapuços.

De onde me é dado que eu tenha meia dúzia de crianças para cuidar, para...amar!, e possa falhar redondamente?

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