O luto é outra coisa.
É a estrada que um faz sozinho, que tem tanto de incomunicável como um iceberg de submerso. Luto é impacto, é dor, é gaguez emocional. É caminho, é crescer, é morrer também e recomeçar.
É comer as palavras de Sophia quando diz que
Em nome da tua ausência
Construí com loucura uma grande casa branca
E ao longo das paredes te chorei.
e aprender com ela que " (...) as minhas mãos não podem prender nada.".
E porque é dor, um dia é aceitação. Sair da Unidade da Dor, tirar o último cateter. Deixar que o Inverno morra em nós para a identidade voltar a espreitar, renovada.
Necessariamente difícil, absolutamente necessário. Às vezes, lindíssimo. E por isso é que é outra coisa...
1 comentário:
Quero acreditar que também pode ser partilha... Que o buraco da "coisa arrancada" de dentro de nós não tem de ser necessariamente, absurdamente incomunicável.
Aliás acho que só isso nos sossega - o abraço de quem nos faz sentir seguro, o colo se quiseres - que cala o medo de quem está só como canta a Amália.
"Quem dorme à noite comigo
É meu segredo,
Mas se insistirem, lhes digo,
O medo mora comigo"
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