quinta-feira, fevereiro 26, 2015

Vertigem e sonho ou a comunicação na afasia.

Chegou como uma trovoada. Ameaçava, nah, nada disso. Ameaçava outra vez, vá calma, não vai ser nada. E depois, um ribombar vertiginoso.
É isto. Tem de ser isto.
A comunicação liga-nos de tal forma a nós próprios e aos outros que sem ela nos parece que não somos nada. Que nada vale a pena.
Encontrar no outro alguém que se ligou a um pensamento que eu tive. Encontrar no outro uma tradução para o que eu não consigo dizer. E depois uma solução, ou uma explicação, ou um caminho a percorrer. Alguém que me deixa errar, que percebe que eu errei, que de facto tenta perceber o que eu quero dizer. Alguém para quem eu não estou atrás de um muro.
Trovejava, trovejava. Trovões, chuva, clarões. Começou a ser perigoso conduzir tão depressa. Só conseguia pensar que tenho de aprender o mais possível, saber o mais possível, procurar o mais possível. Não conseguia ouvir mais nenhum pensamento no meio daquela confusão. Saber o quê, saber porquê, saber como.
Alguém com quem eu já não estou atrás do muro.
É isto que eu quero fazer sempre.

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