É-me fisicamente impossível
Estar onde quero, neste momento.
Resolvi apagar as luzes
E libertar o meu pensamento.
Daqui de dentro não devo sair:
É tarde.
E não te sei mentir.
Ainda que não possa,
A rua chama,
A noite chora, (salpicando o céu)
A lua brilha...
Sempre e sempre sem ninguém reparar,
Parar a olhar
Deter o compromisso e o horário
A obrigação e o dever
O fazer mas não querer...
Onde quero estar, não estou
e onde podia estar,
Estás tu no meu lugar.
Deita o puto
Ele há-de ser homam.
Abandonará essa rua.
Seguirá sua vida.
Esquecer-se-á da lua.
A tua rua é um lugar espectacular.
Não é tua;
No entanto, vives lá tu.
Contigo e por ti
Vivem e passam montes de pessoas.
Isso a torna tão especial.
Todas têm a sua vida,
O seu problema por resolver,
Os seus sonhos e inutilidades.
Só reparam em ti quando lá não estás.
Porque pensam Ena, não está ninguém na rua.
Podias estar lá, mas não estás.
Se lá estivesses, em ti teriam passado o olhar
e seguido o seu caminho.
No máximo e no mínimo
Estaria
alguém na rua.
Naquela,
Também tua.
Mas, para repararem em ti,
ainda tem de faltar o resto das pessoas.
Para lá não estar ninguém,
excepto o puto que pensar e observar
que à sua volta não existe
Ninguém.
A tua rua é um espectáculo,
Vai dar a um sítio.
Há outra saída.
Podes escolher:
A esquerda ou a direita.
Se não quiseres nenhuma,
Ainda podes entrar em casa
Até teres caminho por onde seguir.
Os carros passam,
Estende-se o nevoeiro,
Acorda o sol,
Passa das nove e já tudo saiu.
A porta bateu.
E o puto sorriu.
Com a pronta revisão do professor António Silva,
poema dedicado ao Daniel Correia,
que faz hoje 13 anitos...
Apanhaste-me!
...Parabéns, amigo. Que me apanhes muitas vezes mais!
Adoro-te! Mas acho que iso já tinhas percebido...