domingo, novembro 10, 2013

Star stuff.


O tempo escapa-se por entre as nossas mãos. Reverbera nas cordas de um violino, respinga ao som de uma flauta. As nossas mãos, estão abertas ao vento? Abraçam esse tempo? Acariciam os rostos cansados dos nossos avós?...
As conversas não acabam nunca. Os poemas não acabam nunca. As expressões de surpresa inocente, as paisagens, as rochas, os verdes. A gratidão, a hospitalidade, não é possível estar-se demasiado grato nem ser-se demasiado hospitaleiro. Não existe "demasiado bom". Nem no que toca a chocolate!
sempre mais uma montanha. Uma noite que não viveste nunca. Amigos, folhas de plátano, flocos de neve, mundos que ainda não viste com olhos de VER. 
Carl Sagan disse que fomos feitos de estrelas a colapsar... Música. Silêncio. Cheers, mazel tov! Correr atrás de um pôr do sol. Abraçar com força. Chover. Levar com neve na cara. Ir de comboio de repente para outro país. Fechar os olhos quando tocam os sinos na Missa do Galo. Observar bebés. Ter a certeza de que Ele ressuscitou verdadeiramente. Morar.
Estrelas. A colapsar. How awesome.

segunda-feira, novembro 04, 2013

Nougats.

Rheinpark e Rio Reno, Colónia, Alemanha

Chocolate. Com laranja.
Chocolate branco com chocolate de leite com chocolate negro com chocolate puro e gelado. De baunilha.
Conflitos. Pânicos. Planos. Trabalho. Viagens. Fotografias. Gargalhadas.
Às vezes inspiro uma cidade desconhecida, conquista-me um rio que canta até onde os olhos alcançam, arrepanha-me um crepúsculo improvável a salganhar edifícios soviéticos de mil luzes, mil reflexos, mil respirações suspensas.
Pepitas de chocolate para desfazer em leite.
Às vezes tenho gases cerebrais. Não durmo no telhado. Não conto estrelas belgas. Não tenho vento na cara. Não tenho sede. E tu não me dás mais porrada.

Trufas de chocolate.
Às vezes tenho tantas saudades tuas que. Dói.



Fondues de chocolate. Com banana, morangos, ananás, uvas, marshmallows, nougats e bolachas. Mas sem porrada.

quarta-feira, outubro 09, 2013

Chá.

"Pode sentir-se a falta até de um esfregão velho. As saudades turvam o tempo e, à distância, qualquer coisa má, péssima, pode transformar-se em qualquer coisa maravilhosa, uma especialidade. É a mesma coisa, a mesma qualquer coisa, mas as saudades já a confundiram."... José Luís Peixoto in Livro

foto tirada numa loja de naperons, em Bruges

quarta-feira, outubro 02, 2013

(in-bras)

Palavras servem quando não há mais nada. Quando não se pode estar, nem ver, nem ir. É-se com palavras, com ideias comunicadas. Fazendo-se por estar quando estar é impossível.
Pode mudar tudo. Comunicando, constrói-se, muda-se, é-se, vive-se. As relações existem seja pelo que for, mas vivem do investimento mútuo, da comunicação.
um papel atribuído à linguagem que não o pode ser a mais nada. À linguagem não como faculdade, não como função cognitiva, mas como processo de recepção e de transmissão de pensamentos de um para um outro. À linguagem como dispositivo maravilhoso e inacreditável de interacção.
Comunicar é abraçar sem braços, ralhar sem voz, curar sem compressas. A comunicação é a prova de que "sou do tamanho do que vejo. E não, do tamanho da minha altura..." (Pessoa).

sexta-feira, setembro 06, 2013

5 years time

Não li.
Hoje é ridiculo como tudo lá estava, nítido, brilhante, vívido, gritante.
Não te vi, desculpa. Estive a olhar para ti, mas é a mesma coisa que estares aqui e eu...na montanha mais alta que encontrasse, à procura de te distinguir dali. A semicerrar os olhos, a focar ao longe, a achar que era possível, que te encontraria a qualquer momento, que reconheceria a tua forma, o teu andar, a tua presença. É a mesma coisa que apagar o mundo, apagar tudo, mergulhar-nos no breu convencida de que te reconheceria, ao som da tua voz, às tuas inflexões, aos teus olhos invisíveis. À tua presença.
E tu. Waiting. Patiently. Staring focused at the whole scene.
Hoje não esperas mais. E, depois de cinco anos, eu não olho mais.

quinta-feira, agosto 29, 2013

Incomunicável.

Hoje é o dia em que se sumiram as palavras.

Um grande dia cheio de lugares vazios, como se Deus organizasse uma grande festa para ninguém, como se o país se construísse para as pessoas que nunca imigravam e para os bebés que nunca nasciam.

Não se esgotaram porque ninguém as esgotou, elas nunca existiram para poderem ser esgotadas aos poucos até se esgotarem.

Cheio de nada. De ausência. De morte.

Não acabaram porque não havia, não estava lá nenhuma que pudesse ser utilizada.

domingo, agosto 11, 2013

Verde, verde, verde.

Tomar, Viseu, Vila Nova de Paiva, Vila Nova de Cerveira, Santiago, Caminha, Santa Tecla, Vilanova de Arousa, Peneda, Lobios, Gerês, Braga, Viana do Castelo, Vilar de Mouros, Campos, Monção, Póvoa do Lanhoso, Vieira do Minho, Valdréu, Terras de Bouro, Penalva do Castelo, Sernancelhe, Penedono, Trancoso, Vila da Ponte...perdida no verde.  Nas cascatas, nas bicas, nas vias romanas, nas praias fluviais. Nas igrejas em pedra, nas capelas quase no mar, nas escadinhas que levam aos santos do altar.
Perdida em Pindo nos nomes de tantas tias, de tantos primos. E há terrenos, há herdeiros, há figos gigantes e pratos cheios e avós que pedem casamentos e bebés. Passeios, bailes, festas, homilias, florestas, túmulos milenares, caches, mergulhos e um telescópio. Uma maneira própria, um gesto rústico, histórias por contar, uma forma esquisita de falar.
A vida agora é verde.

domingo, maio 12, 2013

Estágio de observação

Estagiar é atirar no escuro.
É ser pequenina e grande ao mesmo tempo, fazer perguntas e responder-lhes. É teste e ensaio, é bom e dói. Asneira, reconhecimento, prova, tentativa, sucesso. Absorver. Absorver, absorver, absorver! Pensar. PENSAR. 
É pôr a pata na poça, uma e outra vez. É acertar e encher o peito de alívio, e sentir-me crescer a cada dia mais três semanas de estudo. Ver como sou tão minúscula, ridícula, incipiente.
Espreitar pela fechadura e querer enfiar lá a cabeça toda. 
Mergulhar. De cabeça?


Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.

Basta a fé no que temos,
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e do que é do dia-a-dia.

Chegamos? Não chegamos?

Partimos. Vamos. Somos.

Sebastião da Gama

quarta-feira, março 27, 2013

Cada macaco no seu galho.

- Mas tentando não perder nada podes por vezes ler coisas que não estavam lá. Just saying.
- Sim, é verdade, claro. Por isso é que há jardins.
- Jardins?
- Sim. Sítios encantados onde as pessoas vivem sem saberem o que há.




Nós podemos viver no jardim. Deixarmo-nos entusiasmar pelos outros, pelas coisas, o que nos traz é alegria. Olharmos-nos nos olhos e sonhar, querer mais, sentirmo-nos agradecidos...
Sentir que Ele nos conhece, ama e dá pessoas que são tanto para nós.
Aí é o lugar onde as coisas nascem, despontam, rebentam, são festa em nós, mesmo nos momentos mais difíceis. Aí é onde as trovoadas são música, a chuva é a dança e chorar é partilhar.

Mas se é o jardim que destrói o sol, prefiro deixá-lo morrer à sede.

sexta-feira, março 22, 2013

Não passa.



"(...) Obrigado pelo tempo que passou,
pelos passos, pelos voos,
e pela estrela que há em mim.

Obrigado por esse brilho no olhar, 
por essa chama que me queima. (...)
Obrigado pela estrada percorrida,
por esse dom, por essa vida (...).

Obrigado pela presença que não passa, 
pela esperança que me abraça,
pelo silêncio que há em ti.

Obrigado por essa voz que em mim habita,
por essa mão que necessita
de outra mão que saiba amar e ser feliz.
Obrigado por esse adeus que é boa nova,
por esse olhar de boas vindas,
pela estrela qu'inda brilha no meu céu."

segunda-feira, março 11, 2013

TF


Os alunos são como navios
O grande ensinamento educativo é que o aluno não pode fazer simplesmente o que tem vontade, mas deve administrar essa vontade. 
E tem de educar a vontade para se proteger e dar condições para que o aluno cuide da própria segurança. 
O lugar mais seguro para o navio ficar é no porto. Mas essa não é a finalidade para a qual foi construído. Para um navio bem construído, o mundo é pequeno. 
Os professores são um porto seguro para os alunos até que eles se tornem independentes. Embora possam pensar que o lugar mais seguro para os alunos é junto deles, os alunos devem ser preparados para navegar mar adentro, enfrentando bom e mau tempo para atingir seus objetivos. O aluno deve ser educado e preparado para ser seu próprio porto seguro. Assim, o mundo também será pequeno para ele, porque mais amplos serão seus horizontes... 
Nem sempre os navios vão para o lugar que seus fabricantes imaginaram. Ninguém pode garantir que caminho o aluno vai seguir, mas, seja para onde for, deve levar dentro dele valores como ética, humildade, humanidade, honestidade, disciplina e gratidão, dispondo-se a aprender sempre e a transmitir o que puder com vistas a estabelecer relacionamentos integrais com todas as pessoas, independentemente de sua origem, cor, credo e condições socioeconômicas e culturais.
O aluno nasceu do professor, mas é um cidadão do mundo.

excerto de Quem ama, Educa!, de Içami Tiba (adaptado por José Fonseca)

Oxalá eu possa ser baxel, corvo ou até só uma jangadita nas tuas mãos...

segunda-feira, janeiro 28, 2013

Ouve, filha, vê e presta atenção.

"... Esquece o teu povo e a casa de teu pai.
Da tua beleza se enamora o Rei,
Ele é o teu Senhor, presta-lhe homenagem."

Certa, convicta, bela. Preparada.
Hoje Maria Natália é entrega, é abandono, é serviço. Hoje toda ela é alegria e serenidade.
Uma certeza transborda nesta pessoa, hoje mais que antes. Uma paz profunda, de quem chegou finalmente ao dia de firmar o sentido da sua vida. Os seus olhos brilham quando nos olha, e há no seu rosto a maturidade de quem conhece o que quer.

"(...) Brilhe nela, Senhor, o esplendor do Baptismo e a inocência de vida. (...)"

Apaixona, Maria Natália. E isto que provoca em nós, é já resultado de se deixar morrer para ser reflexo do seu Tudo?...

"E depois? O paraíso!"