Hoje é o dia dele. O dia de testar um sistema de eye-tracking, depois de quase um ano sem conseguir controlar um computador. Nem falar sozinho.
Dois médicos, uma neuropsicóloga, dois terapeutas ocupacionais, uma terapeuta da fala, os pais, o irmão, a senhora do eye-tracking, ele e eu, todos no mesmo gabinete, todos concentrados na capacidade dele para controlar a geringonça. Pedem-lhe que faça várias coisas: escreva palavras, seleccione ícones, feche janelas, abra programas...
No fim tem um rol de perguntas, claro. Mas naquele tempo todo ninguém se lembrou de lhe perguntar se tinha dúvidas.
Vou respondendo e perguntando, uma a uma. A minha última resposta foi "I won't be here, because my internship will end before that, but they will find out the best communication device for you and I'm sure you'll have it. And use it. Like, perfectly. Any more doubts?"
Diz que sim com a cabeça. Seguro o quadro de comunicação que fiz há mais de um mês para que ele pudesse falar com...quem o quisesse ouvir. Vou escrevendo no papel, letra a letra, o que ele vai seleccionando.
"Don't go."
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