quarta-feira, fevereiro 20, 2008

[Untitled] II

Precisamos, realmente, de falar das coisas. Torná-las reais, presentes, vivas. Só assim poderemos ultrapassá-las. Guardá-las, só depois de falar delas, no mais íntimo de nós, segundo a nossa visão das coisas. Entregá-las aos nossos pijamas para voltar a mexer, quiçá, um dia mais tarde - quando for preciso. Temos é de ficar com a certeza de que quando voltarmos a falar daquele assunto, não vamos desabar como outrora.
Não podemos simplesmente pensar noutra coisa.
Não podemos ser proibidos de chorar ou de lembrar quantas vezes nos apetecer.
É disso de que se trata o luto! O verdadeiro luto, acredito eu, passa exactamente por aí.
Passa por mexer e voltar a mexer na ferida. Passa por desabar mil e quinhentas vezes até crescermos dali para fora. Passa por falar dos assuntos, com naturalidade, com a frequência adaptada àquilo que possamos e queiramos suportar.
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Não criemos flores de estufa. Não podemos evitar os assuntos, não podemos fingir que nada se passou! Porque passou, de facto! Porque dói, de facto! Porque virá à tona mais cedo ou mais tarde e aí, aí sim!, vai doer ainda mais!... Falem! Não teham medo! A vida não é justa...e temos de aprender isso às nossas custas. Por muito que vos custe.
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Por favor...
...deixem-me lutar.
...deixem-me fazer o meu nojo.
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Preciso disso.
Urgentemente.

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