sábado, outubro 25, 2008

Insisto.

A luz está onde a quisermos ver.
Antes de mais, teremos de a procurar por dentro. Tanto por dentro de nós, como pela parte de dentro dela. Unir uma coisa à outra: a nossa mais profunda vontade com a simples razão de ser dela. E então seremos como aquelas imagens bonitinhas das alianças que passam uma dentro da outra: a luz estará no meio de nós e nós no meio da luz.
É por isto que creio que quem procura a luz, ou a paz, ou a felicidade, ou o amor, nunca os encontrará. Quem os encontra não estava à procura deles. Porque quem os procura não está a ligar ao que de melhor há neles: são espontâneos. Nascem, crescem, brotam por si próprios, onde e quando a gente não estava mesmo à espera. Não os tenho, oh não! Não tenho nem conheço nenhum deles. Vou conhecendo... Gosto de pensar que lhes vou seguindo o rasto. Vou assim pela estrada fora, como uma criança mais ou menos paciente, que vai comendo os bocadinhos de pão pelo caminho, pão que a alimenta, que a faz seguir, que lhe deixa vontade para mais.
Citando António Gedeão, Tenho esperança. Uma grande esperança.
--> Foto tirada pelo Rui Pedro, em Taizé.

quarta-feira, outubro 22, 2008

Doo-me.

Escrever. Mas sobre quê?
Não sei.
Então não escrevo.
Preciso de escrever. Preciso de escrever! Mas sobre quê? Sobre esta angústia que me come por dentro? Mas se não sei de onde vem, nem como veio, nem porque raio havia de vir...! Nem sei o que é! É, a um só tempo, a pura alegria de ter amigos bons, amigos fortes, daqueles que julgamos imortais...e o conhecimento desta dor e desta solidão a que não posso chamar senão ímpares porque nunca conheci piores... É, a um só tempo, a felicidade maior e a dor maior. É, a um só tempo, as palavras que não se dizem no maior abraço, e as palavras que não existem num choro silencioso e convulsivo.
É isto o amor? Um amor que lhe dói a si mesmo??
Um amor que se mata, que se morde a si mesmo, que é ao mesmo tempo a sua própria fonte de vida e o seu próprio cancro?!
É isto? ...

domingo, outubro 12, 2008

Peter

Um rapazinho que sempre o foi e sempre o será.
Podemos censurá-lo? Eu gostava de me poder recusar a crescer. Em verdade, acho que estou a aprender. A viver num mundo longínquo, onde as palmas ressuscitam as fadas e a liberdade mental é o único verdadeiro pré-requisito. Gostava de adormecer numa casa na árvore, mesmo antes de gritar Boa Noite a toda a minha pequena Terra do Nunca. De tocar flauta e cantar de galo. De ter sardas e andar com penas engraçadas na cabeça. De ser criança para sempre!...
Uma coisa já aprendi, embora nem sempre consiga concretizá-la. De uma maneira ou de outra, aprendi, e acho que é a mais importante de todas: aprendi a voar! Basta um pensamento feliz… Não importa que dia é hoje, nem as horas a que as trevas chegaram…basta um verdadeiro pensamento feliz!! E o meu é este: o meu próprio Peter Pan, que é a coisa mais linda que este mundo tem!

imagem do google

quarta-feira, outubro 08, 2008

Pequenina...!

Em queda livre vinha frustrada, injustiçada. Pura queda livre, para me suicidar de escuridão. O fundo nunca era visível, apenas caía num poço cada vez mais escuro, cada vez mais frio, cada vez mais sem fim. E é aqui, exactamente nesta frase da história que entra a teia. A teia é aquela coisa que se resolve estender por toda a largura do poço, de modo que, suavemente (sim, que sou levezinha), eu aterre e estanque a meio da queda. E de que é feita uma teia? Bem, uma teia é feita de pequenas linhas, finos fios de memória que ficam bem marcados num passado singular. Uma teia é feita de Marta e é feita de Pedro. É feita de Croov, Válter e Ruth. Uma teia é feita de Inês, de Mariana, de Clara, de Alina, de Sofia, de Tiago. Uma teia é feita de teatro, de mãe. Uma teia é feita de abraços, de desabafos, de choros e acalmamentos. Feita de Podes contar comigo!. Sinto-me bem pequenina, uma menina suja e triste a quem só os bons dão colo. Só os que vêem ali mais que um vestido e uma cara sujos, só que sentem amor em vez de pena se atrevem a dar colo. Sinto-me bem pequenina, porque apesar de saber a verdade, sinto que não podia estar a sabê-la de maneira melhor. Sinto-me bem pequenina...porque preparada para me deixar nas mãos dos meus. E descobri. Uma teia é feita de Deus. Mais que isso, uma teia é feita por Deus.