Poisou o copo sem o partir.
(Ainda tinha água, mas era o mesmo que não tivesse, porque de qualquer das formas não foi bebida.) Devagarinho, deu um beijo à mãe e, como se tivesse voltado ao estúdio de dança, dirigiu-se ao quarto, depois à cama, sem que o mínimo ruído tivesse oportunidade de se estrear.
Deitou-se. Sonhou um sonho acordado: que estava na praia, naquela mesma noite, e que afinal não existia dor no seu mundo. O seu mundinho ridículo onde podia não haver dor, se se sonhasse dolorosamente muito, mas sem se notar.
Levantou-se e pegou nas bandas de cera. Olhou pela janela sem que a janela desse por isso. Uma noite, a primeira, em que a depilação não doeu nem um bocadinho.
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